Muitos estudos têm se dedicado a analisar o impacto do Coronavírus na vida das pessoas. O termo “coronophobia” (tradução livre para o português como “coronofobia”) tem sido utilizado para designar o medo, a preocupação e a ansiedade de contrair o Covid-19, referindo-se também ao impacto psicológico e aos prejuízos funcionais provocados nas pessoas por esta doença.
Dentre os medos relacionados à pandemia, os mais comuns são o medo da morte ou de ficar gravemente doente, de contaminar os outros ou das repercussões econômicas envolvidas. Uma série de novos hábitos e medidas também pode agravar essa situação. Os quadros mais comuns para essa fobia estão relacionados à ansiedade (incluindo pânico e ansiedade geral), depressão, angústia, comportamento compulsivo, acumulação, paranoia, reação de evitação, sentimentos de desesperança, pensamentos suicidas e comportamento suicida. Os sintomas podem aparecer em variados níveis, sendo eles, fisiológico, comportamental e cognitivo.
No nível fisiológico, a preocupação com o vírus pode aparecer por meio de sintomas como agitação do corpo e perturbações do sono e do apetite. Já a nível comportamental, os sintomas podem ser notados através do evitamento desproporcional de contato com o mundo exterior e pela compulsão em medidas de segurança. Esses prejuízos à saúde vêm acompanhados de pensamentos disfuncionais e respostas emocionais desagradáveis.
Além da coronofobia, muitos estudos têm sido realizados durante a pandemia e evidenciam algumas consequências relacionadas ao isolamento social. De acordo com um levantamento feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e Unicamp, houve a piora da nossa saúde nesse momento bastante singular na vida dos brasileiros. Além dessa piora, também foi visto que o consumo de bebida alcoólica e cigarro também aumentaram. Esse aumento foi associado à frequência de se sentir triste ou deprimido. Quanto maior a frequência, maior o aumento do uso de bebida alcoólica e cigarro.
De acordo com o psiquiatra Marco Antonio Bessa, em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, é preciso analisar que: “Se aumentar a frequência, passando a beber mais dias que costumava beber em ‘tempos normais’, se aumentar a quantidade, se começar a beber em horários que não costumava, é preciso ficar atento, rever os hábitos e, se for o caso, buscar ajuda”. Ele cita, ainda que a busca pelo álcool para aliviar o tédio ou a ansiedade do isolamento deve ser substituída por uma atividade de lazer. “Vai jogar videogame, montar um quebra-cabeça, assistir a um filme, ou mesmo participar de um grupo de discussão nas redes sociais”, diz.
Para evitar o desenvolvimento desse tipo de fobia, algumas medidas podem ser adotadas, tais como: atividade física, envolvimento em atividades prazerosas (leitura, artes plásticas, assistir a filmes, ouvir música, escrever, desenhar/colorir), alimentação saudável, manutenção de uma rotina de sono. Essas ações juntamente com as práticas integrativas, práticas para a mente-corpo, como a meditação, a Arteterapia, a Musicoterapia, as Danças Circulares, o Yoga, entre outras, podem cooperar na manutenção de uma rotina saudável e estimular a produção de reguladores do humor como a endorfina e a serotonina.
É importante ressaltar que em alguns casos, as estratégias por si só podem não ser suficientes para estabilizar as respostas emocionais / físicas / cognitivas de pessoas com "coronofobia" ou outras doenças mentais, por isso é recomendado procurar sempre um profissional de saúde mental. A persistência de danos biopsicossociais deve ser tratada por profissionais.
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